A frase acima proferida não encontra dificuldades em ser ouvida no cotidiano de um shopping center, durante um passeio “de fim de semana”, ou mesmo num “passeio na semana”,
O fato é que eles podem falar tanto quanto queiram, mas os baixinhos (e os mais grandinhos também) não se dão por vencidos quando o assunto é sair da rotina alimentícia semanal do arroz e feijão (ou qualquer outra comida considerada “saudável” e que facilmente traz certa “apatia” por comer o tempo todo) para entrar na dieta nada saudável (mas que, cá entre nós, tem muito de gostosa), do McDonald’s.
Será que é justo esses médicos de hoje falarem que lá só são vendidas porcarias alimentícias e que os pais não deveriam estimular os filhos aos gostosos cheeseburgueres do Mc Lanche Feliz e às outras degradantes comidas “de péssima qualidade” dessa e de outras cadeias de fast-food?
Acho que você que está neste momento lendo este texto, assim como eu, com certeza tem um priminho, irmãozinho, ou sabe de algum pimpolho (ou grandinho) que fica todo animado com a possibilidade de ir ao “Mec”.
É claro que eles ficam mesmo. “Mec” pra eles não está apenas ligado ao ato de comer coisa “boa” (leia-se “gostosa”) não. Está também ligado ao pensamento coletivo das crianças e jovens de que, se existe um tipo de pessoa que deve ser chata no mundo é aquela que não vai ao “Mec”, ambiente de freqüência obrigatória da galera.
Ahhhh, se você não vai ao “Mec”, nem que seja de vez em nunca sabe, só pra comemorar aniversário, então você não é jovem. Você deve ser uma pessoa estranha, careta, quadrada... No máximo, um jovem meio...chato, certinho demais, credo! Este é um grupo formado por aqueles que contestam o hábito do arroz, feijão, saladinha e uma comidinha saudável todo santo dia.
“Para quê serve a conquista do comer saudável se isso só vai me trazer a paranóia de nunca “sair da linha” e de não comer coisas de que eu realmente goste?” Coisa mais chata viu...logo comer, um dos maiores prazeres da vida... Prefiro dar um tempo indo ali no “Mec”.” Estas aspas não devem estar tão distantes assim do que pensam uma criança e um adolescente (haha, e mesmo muitos adultos, pais ou não).
Agora pensemos como era o hábito de crianças e jovens tempos atrás, de uns 30 anos pra cá, quando o McDonald’s ainda não era tão presente no dia-a-dia do brasileiro. Tá...mas então, qual era a grande “expectativa alimentícia” (prefiro colocar desse modo) das crianças e jovens pro fim de semana? Ir na casa da vó e devorar todos aqueles quitutes maravilhosos feitos com tanto amor e carinho?
Bem, é muito provável que sim. O fato é que o McDonald’s, em seus 26 anos de existência no Brasil, passou a fazer parte da cultura de toda a população do país. Não conheço ninguém que nunca tenha comido no “Mec”. Outro dia vi até um mendigo na esquina da São João com a Ipiranga tirando um cheeseburguer de um saco pardo com o famoso “M” amarelo bem grande. Fato estranho, se considerarmos que um n° 1, com batata e refrigerante médios, o mais pedido entre todos os n°s do cardápio, custa quase R$ 10.
Você sabia que nesse tempo de instalação no Brasil o “Mec” cresceu na proporção de 12% ao ano? Isso dá mais do que o crescimento do PIB, que registrou, segundo o portal do McDonald’s Brasil, um aumento médio de 2,5% ao ano.
Bom, pra mim isso só quer dizer uma coisa: que mesmo com uma população onde muitos são desnutridos e que não têm absolutamente nada pra comer, o Brasil tem entre esses cidadãos muitos que passaram a incluir o “Mec” em seu roteiro de passeios “gostosos” (Este assunto de diferenças fica para uma próxima postagem).
E dentre esses muitos estão as crianças e jovens, público obrigatório do restaurante. Neles a empresa do “simpático” Ronald McDonald investiu muitas estratégias, como o Mclanche Feliz, pelo qual é paga uma fortuna em troca de um lanche pequeníssimo e de um brinquedo (muito do sem-vergonha, na maioria das vezes) que muda mês a mês (afinal, as crianças nunca se cansam de novidades, certo?). A empreitada deu muito certo, tanto é que o “Mec” consegue fazer com que desde pequenas as pessoas tomem gosto por essa “cultura”.
Mas voltando aos médicos, sisudos profissionais, que defendem toda a teoria aprendida na época da faculdade, bem como a ética que cerceia a profissão que escolheram seguir. É claro que não é correto eles saírem gritando por aí que as crianças devem ir sim sem problema algum ao McDonald’s, como se nada nunca fosse acontecer devido à essa “ótima” dieta.
Mas, senhores doutores da Medicina...peguem mais leve! Não adianta aparecer no Fantástico ou outro programa de grande repercussão qualquer dando dicas aos pais de banirem certas alimentações de seus filhos. Afinal, “os banidos” não vão dar ouvidos mesmo, nem aos médicos, nem aos pais.
O importante é conversar com eles, ensinar dicas de como não exagerar na dose e fazer de uma ida inocente ao McDonald’s um hábito sem limites, de todo fim de semana, ou de todos os dias. Mas o mais importante mesmo é mostrar-lhes como alcançar o equilíbrio entre o comer saudável...e o ato de devorar verdadeiras delícias da culinária, sem culpa nenhuma.
Elena Oliveira posta todos os sábados na coluna Brasil
2 comentários:
No final..eu só posso dizer uma coisa: "eu quero mc!"hahahaha
Adorei!
ai da Anita... só de vez enquando neh...
rrsss...
bjokas
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