segunda-feira, 2 de abril de 2007

Disciplina e transgressão

Especial Semana do Chocolate


Não é somente o referencial alimentício e Johnny Depp que unem os filmes “Chocolate” e “A fantástica fábrica de chocolate”. Apesar de parecerem tão díspares, suas bases são muito parecidas.

Enquanto a Fantástica Fábrica tenta educar, com a mensagem de que crianças desobedientes recebem castigo, Chocolate busca mudar o status quo, no filme personificado pelo Estado e pela Igreja. Mas ambos se baseiam em narrativas infantis, comunicando uma mensagem universal, para todas as idades.

Chocolate é um filme requintado em todos os aspectos, de forma e conteúdo e conta a história de uma mulher, que através de suas místicas receitas, modifica a vida das pessoas de uma vila conservadora.

Pode-se perceber que há elementos lendários - o passado de Vianne, a ligação entre a vida dela e a tradição de sua mãe, o elemento mágico dos ventos do Norte e do próprio chocolate.

A narração é feita ao estilo dos contos-de-fada. A protagonista e sua filha usam capas como as de Chapeuzinho Vermelho, e ela também freqüentemente usa sapatos vermelhos, como Doroty, de O mágico de Oz. Essas comparações remetem às trajetórias semelhante, a questão de se ter um longo caminho a percorrer e os perigos que devem ser enfrentados.

A Fantástica Fábrica também é uma história que, como as tradicionais, procura instruir o público. Com inúmeros artifícios mágicos reconta a história do simples menino pobre, mas de bom coração, único dentre as crianças escolhidas para conhecer a fábrica, que é digno dos prêmios de Willy Wonka.

A segunda versão agrega muito sobre o comportamento atual de crianças e adultos em face ao materialismo, à ganância, à solidariedade. Mas a tecnologia e os efeitos que o tornam ao mesmo tempo tão lúdico e real, anulam a simplicidade da mensagem original do primeiro filme.
Como Chocolate, a Fantástica fábrica também faz muitas referências cinematográficas, como a evidente alusão a 2001 de Kubrick.

O destaque em Chocolate é o paralelo com a história cristã, pois a história culmina na Páscoa, e assim como acontece na história bíblica, a partir do Domingo, todas as coisas se renovam.
É interessante notar que a trajetória de Jesus tem os dois lados: Educar e transgredir, destruir e recriar, derrubar e reerguer. Independente da religiosidade, talvez seja por isso que sua história é insuperável, com ou sem ovo de Páscoa.

por Lívia Lima

Livia Lima posta todas as segundas-feiras na coluna Cultura. Essa semana está ansiosa por seu chocolate...

6 comentários:

Rose Soler disse...

Lívia, adorei seu post. Depois lê-lo, acho que vou dar uma passadinha na locadora.. pena que chocolate só posso comer domingo...rs

Bjs

Jéssica Santos disse...

Muito muito muit bom!!!! Sem ser puxa saco de nosso blog é uma honra ter vc escrevendo Li, amei msm
bjocas

Bianca Hayashi disse...

Meu, eu sou muito boba... fico vendo as fotos de chocolate e me perco no texto!

Adorei a sua análise, Lí! Parabéns, você é foda!!!

Beijão!

Cibele Lima disse...

muito bom Lí...esses aspectos observados são demais!!

bjokas

Michele Roza disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Michele Roza disse...

Lívia! Parabéns...texto genial!!!!!

E que , indepndente do choco. o dia da renovação também una os laços de sabedoria do nosso povo.

"Amén"

Bjos

MI