Na sexta-feira, 4 de maio, você leitor pôde ler o post da Cibele (que a propósito, estava muito bem escrito e com ótimas idéias), em que ela falava sobre uma questão muito importante e à qual devemos sempre estar atentos, desnutrição infantil. Pois bem, ela não entrou nos méritos ou desméritos do Programa Fome Zero, o qual nosso presidente eleito tanto comentou que entraria em vigor em seu governo, e resolveu dar um outro enfoque para as observações que fez. Então, encarrego-me eu (desculpem a redundância)
O Fome Zero é um programa de longo prazo, que pode levar no mínimo os dois mandatos do presidente para apresentar alguns benefícios. Mas, quem será o próximo presidente? E se no próximo mandato as diretrizes de desenvolvimento econômico e social forem mudadas de maneira muito radical em relação à gestão vigente? Bem, aí é um caso para ficarmos ainda mais preocupados com a questão da fome no país (teoricamente, todos se preocupam, espero eu!!!).
Lula traçou para seu mandato planos de políticas de desenvolvimento em diversas áreas, a começar pela Reforma da Previdência Social, muito polêmica, à época em que foi implantada, além de políticas de incentivo à agricultura familiar, a ampliação da merenda escolar – motivo pelo qual muitas mães querem seus filhos na escola, apoio a programas municipais, estaduais, federais e até mesmo não governamentais que apóiem a causa da fome e da inclusão social, de maneira geral, além de complementação de renda em programas como o “Bolsa Escola” (criado ainda no governo FHC) e o “Bolsa Família”. O “Bolsa Família”, por exemplo, complementa a renda de brasileiros em, no máximo, R$ 95,00.
R$ 95,00... NOVENTA E CINCO REAIS!!! (Só escrevendo por extenso mesmo pra entender o real significado disto tudo.)... O que são R$ 95,00
Outra medida “Lulística” seria o aumento gradativo do PIB para garantir a inserção de mais recursos nesses programas. Isso o Brasil tem feito. Não sei se bem, pois declaro aqui não ser entendida em economia para ter a ousadia de julgar este quesito do governo Lula. Atenho-me apenas ao que notoriamente faz diferença na vida do povo. Sei apenas que esse aumento de PIB, segundo o “Diário Vermelho”, publicação online do PC do B, levou o Brasil da 15ª posição no ranking de crescimento do Produto Interno Bruto em 2005, para a 11ª em 2006. Sei também que minha ex-empregada Lúcia, que recebe pensão do INSS mensalmente e que periodicamente desloca-se de sua casa em Itaquaquecetuba a São Paulo, local onde tem que passar pela perícia médica, com sua perna cada vez menor que a outra devido a uma doença que eu nem direito sei pronunciar, e sem muitas perspectivas de melhora, ainda não vê resultados de todas essas políticas. A Lúcia é um exemplo de pessoa que, apesar de não ter renda de nem R$ 600,00 mensais, não podia adquirir os benefícios do Bolsa Família. Aiii, falar de política com ela não era tarefa fácil não, impressionante o grau de nervoso a que ela chegava. E o pior é que eu não tinha argumento algum para acalmá-la, eu a incentivei a ir atrás do Programa, e quando ela descobriu que não poderia ter direito a nenhum tipo de benefício, eu secretamente fiquei ainda mais nervosa do que ela – sem transparecer isso, é claro.
A Lúcia, no post de hoje, serve como um referencial estatístico de tantos brasileiros que querem entender melhor este tal de Programa Fome Zero, a quem ele beneficia e quando isso ocorrerá.
Em maio de 2006, podia-se ler em matéria do portal da Folhaonline que a fome atingia 14 milhões de brasileiros. Esperemos então até o fim do governo Lula, até o mandato de um próximo governante... e esperemos que a situação mude em um país em que, na semana em que recebe a visita do Papa Bento XVI, tem políticos que aprovam o aumento do salário de deputados de R$ 12.847,20 para R$ 16.512,09, certamente muito mais do que necessita uma família acostumada à miséria para alimentar-se.
Dicas de leitura (indignação, como preferir):
http://www.actionaid.org.br/img/publics/relatorio10anosCMA.pdf
http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=467
http://www.vermelho.org.br/diario/2006/0331/0331_pibbr.asp
http://www.braseuropa.be/ResumoPFZ.htm
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u78678.shtml
http://www.mds.gov.br/programas/transferencia-de-renda/programa-bolsa-familia
http://www.estadao.com.br/ultimas/nacional/noticias/2007/mai/09/403.htm
Um comentário:
Muito bom Elena. Algumas pessoas assim como eu já o fiz, acreditam que é melhor pouco do que nada. Esse pensamento tem que ser abstraído,pois se todos somos pagadores de impostos nesse país abençoado por Deus e visitado pelo Papa, porque mendigar aos que tem a funçao de governar e não de encher seus potinhos com ouro???
Bem lembrado a questão do aumento do salario dos deputados... será que estávamos tão anestesiados que não percebemos as manobras políticas... ou será que a benção para eles era tão boa que não lembraram de nos comunicar??? É,santo de casa não faz milagre... mas os deputados sim, pra eles!!
Salve Bento XVI, que se mostrou mais simpático do que achavamos! (essa parte não tem na da haver com o post, foi só um coment's)
bjsssssssss
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