A culinária francesa é famosa por ser historicamente a mais refinada do mundo. Mas em se tratando de literatura as coisas não são bem assim. Uma de suas primeiras grandes obras literárias, Gargantua de Rabelais, mostra um outro lado da gastronomia do país.
A obra foi publicada provavelmente entre 1534 ou 1535 e foi uma das percussoras do Humanismo. François Rabelais era um padre que abandonou os votos e foi se dedicar à medicina. Daí a sua preocupação com o que era material, diferindo da cultura católica da Idade Média.
Gargantua conta a história da vida do gigante Gargantua, e de como ele vence a guerra contra os inimigos de seu pai. Mas nas entre linhas, a história é permeada por um rompimento com o pensamento medieval, valorizando o estudo universitário, a cultura greco-latina e, sobretudo as tradições populares.
As personagens realizam ações que antes estavam fora do decoro. O profano ganha espaço na literatura. Assim as pessoas, comem muito, bebem muito e vivem fazendo festas. É uma comilança: la grand-chère! Era o homem abandonando as obrigações religiosas e se dedicando ao culto ao prazer.
O crítico literário Mikhail Bakhtin define a obra de Rabelais como uma carnavalização, onde as ordens sociais e morais se invertem. Sua obra, que foi censurada na época, foi muito importante para a constituição da literatura moderna, mas para a felicidade de muitos, não influenciou o glamour do menu francês.
Livia Lima posta todas as segundas-feiras na coluna Cultura
3 comentários:
Banquetes... tá aí algo que gostaria de ter experimentado na era medieval..
Comer sem me preocupar com dietas... seria maravilhoso!!!!!!
Mas, enfim, de volta à realidade...
Belo texto Lívia
Bjs
a litetatura francesa adora citar as comidas, mas nessa eepoca antioga, Paris pelo menos, era um lugar imundo... Versailles nnao tinham banheiros!!! Um mundo de aparencias
Lívia, incrível como você consegue viajar nos seus textos e fazê-los ter sentido! Parabéns!
Esperamos sua contribuição no Paranóia. =D
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