Escrevo neste blog sobre gastronomia, mas hoje resolvi mudar. Falarei de algo que caminha paralelamente a ela, a arte.
Constantemente ouve-se dizer que o ser humano “come com os olhos”. Essa frase típica traduz o que realmente sentem os grandes mestres gastronômicos, que se preocupam com a beleza na apresentação dos alimentos, inovando cada vez mais nas decorações de seus pratos.
E se a arte está na culinária, por que a gastronomia não pode influenciar a arte?
No decorrer da história podemos ver, que tanto em quadros, esculturas, instalações, e até músicas os alimentos não são meros figurantes, têm seus significados, que transmitem a cultura, os hábitos e demais informações de uma época e/ou lugar, além de carregar o que o autor da obra quer passar.
Nesse sentido, há quarenta anos o artista espanhol Antoni Miralda trata da comida e de seus rituais, buscando, por onde passa, conhecer a cultura do lugar através de seus sabores. Tendo a língua (o órgão do paladar e da fala) e o sabor (que nos provoca lembranças e emoções) como pontos principais em suas obras, Miralda visa retratar a identidade cultural tanto individual como coletiva de um povo, unindo a arte ao comestível.
O artista já passou pelo Brasil em duas edições da Bienal de São Paulo, a 17ª, em 1983, e no ano passado na 27ª. Nesta ultima trouxe uma instalação ainda em andamento, a Sabores e Línguas, que segundo ele é coletiva, pois conta com a participação dos espectadores, em um quadro em que se pode escrever o que quiser, e na confecção de pratos, feitos por inúmeras pessoas dos diferentes países pelos quais passou. A obra ainda conta com fotos de inumeros lugares e tipos de alimentos, encontrados em feiras, mercados, restaurantes e ruas, como “metáfora da cidade”.
Não há uma data prevista para o término da obra, já que o autor quer conhecer um pouquinho de cada cultura e transmiti-las através da arte. É um aficionado por comida!Por isso, a fim de desenvolver laboratórios pelo mundo, Miralda criou o Archivo FoodCultura, e por ter a consciência de preservação das culturas na era da globalização criou o FoodCulturaMuseum em Barcelona, que ainda não tem espaço físico definido, mas só pela Sabores e Línguas, já possui acervo pra tanto.
A proposta do museu é, na verdade, ter um espaço para reunir e mostrar objetos e elementos que fazem parte da iconografia de um povo e que merecem ser tratadas como obras artísticas. No entanto não como museus tradicionais, mas como espaço para “sentar em volta e degustar”, interagir, contribuir, fazendo prevalecer noção de comida como arte como elemento antropológico que é.
Tratar do alimento como cultura, como arte, como componente ao mesmo tempo individual e coletivo é também a proposta desse blog de esfomeadas. Esfomeadas sim, mas não só de sabor.
http://diversao.uol.com.br/27bienal/entrevistas/textos/ult4026u14.jhtm
Obs: Imagens de pratos da instalação Sabores e Linguas na 27ª Bienal de SP. Sugiro que você clique nas fotos para ver melhor o conteúdo dos pratos.
Constantemente ouve-se dizer que o ser humano “come com os olhos”. Essa frase típica traduz o que realmente sentem os grandes mestres gastronômicos, que se preocupam com a beleza na apresentação dos alimentos, inovando cada vez mais nas decorações de seus pratos.
E se a arte está na culinária, por que a gastronomia não pode influenciar a arte?
No decorrer da história podemos ver, que tanto em quadros, esculturas, instalações, e até músicas os alimentos não são meros figurantes, têm seus significados, que transmitem a cultura, os hábitos e demais informações de uma época e/ou lugar, além de carregar o que o autor da obra quer passar.
Nesse sentido, há quarenta anos o artista espanhol Antoni Miralda trata da comida e de seus rituais, buscando, por onde passa, conhecer a cultura do lugar através de seus sabores. Tendo a língua (o órgão do paladar e da fala) e o sabor (que nos provoca lembranças e emoções) como pontos principais em suas obras, Miralda visa retratar a identidade cultural tanto individual como coletiva de um povo, unindo a arte ao comestível.
O artista já passou pelo Brasil em duas edições da Bienal de São Paulo, a 17ª, em 1983, e no ano passado na 27ª. Nesta ultima trouxe uma instalação ainda em andamento, a Sabores e Línguas, que segundo ele é coletiva, pois conta com a participação dos espectadores, em um quadro em que se pode escrever o que quiser, e na confecção de pratos, feitos por inúmeras pessoas dos diferentes países pelos quais passou. A obra ainda conta com fotos de inumeros lugares e tipos de alimentos, encontrados em feiras, mercados, restaurantes e ruas, como “metáfora da cidade”.
Não há uma data prevista para o término da obra, já que o autor quer conhecer um pouquinho de cada cultura e transmiti-las através da arte. É um aficionado por comida!Por isso, a fim de desenvolver laboratórios pelo mundo, Miralda criou o Archivo FoodCultura, e por ter a consciência de preservação das culturas na era da globalização criou o FoodCulturaMuseum em Barcelona, que ainda não tem espaço físico definido, mas só pela Sabores e Línguas, já possui acervo pra tanto.
A proposta do museu é, na verdade, ter um espaço para reunir e mostrar objetos e elementos que fazem parte da iconografia de um povo e que merecem ser tratadas como obras artísticas. No entanto não como museus tradicionais, mas como espaço para “sentar em volta e degustar”, interagir, contribuir, fazendo prevalecer noção de comida como arte como elemento antropológico que é.
Tratar do alimento como cultura, como arte, como componente ao mesmo tempo individual e coletivo é também a proposta desse blog de esfomeadas. Esfomeadas sim, mas não só de sabor.
http://diversao.uol.com.br/27bienal/entrevistas/textos/ult4026u14.jhtm
Obs: Imagens de pratos da instalação Sabores e Linguas na 27ª Bienal de SP. Sugiro que você clique nas fotos para ver melhor o conteúdo dos pratos.
Lívia Lima posta todas as segundas-feiras na coluna Cultura, mas hoje cedeu seu espaço para a Talita viajar nas idéias do Miralda
Talita Silveira posta todas as quintas-feiras na coluna Gastronomia, e finalmente encontrou uma pessoa que é mais fanático que ela pela relação comida/cultura .
2 comentários:
Você tem razão, a comida influencia a arte, lógico que estou simplificando a idéia de um texto mais complexo, mas se a comida é uma arte, ter forme de arte é possível. Fora a confirmação de que, quando como, e dependendo do que como, fico com uma veia mais artística ou mais preguiçosa...
Pois é, acho que ultimamente é melhor eu para de comer e fazer mais arte hehehe
Beijos
excelente texto talita...
viu? confio muito em vc!!! bastar saber que foi vc que escreveu!!
hahahah
bjssss
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